“Relatos #GLH2019 
Feito por pessoas, para pessoas.”

Participei neste final de semana, entre 22 e 24 de fevereiro, até a meia-noite de domingo, da maior maratona para resolução de problemas jurídicos no mundo! O Global Legal Hackathom 2019 (#GLH2019), organizado pela AB2LGestalt Open Innovation e UniAvan.

Gratidão a todos! Em especial aos colegas mentores envolvidos.

Foram 150 inscritos em Balneário Camboriú-SC, enquanto haviam outros 6000 em 24 países espalhados pelo mundo. Todos com o mesmo objetivo, utilizar a tecnologia na criação de produtos inovadores que facilitem o acesso a justiça. Sendo que, o vencedor, apresenta o seu projeto na etapa final em Nova Iorque!

Daí você deve pensar (hmmmm…), se eu tiver uma “tecnologia” inovadora eu já ganhei! Então, é exatamente aí que começam os aprendizados.

Em uma maratona como essa, “feita por pessoas, para pessoas”, é recomendável priorizar:

  • Trabalho em equipe;
  • Identificar um problema urgente;
  • Pesquisar!
  • Executar a ideia com ritmo e qualidade;
  • Confiança na hora de vender ao júri.

Para contribuir, vou compartilhar, a minha experiência e meu ponto de vista, em cada um desses pontos. Escrevendo, ao final de cada sessão, quais foram os aprendizados.

1) Trabalho em equipe

Pessoas.

Elas chegam de todos os lados com diferentes ideias e motivações, até aí tudo bem. Mas antes mesmo da empatia pela dor jurídica, neste caso, estes inscritos precisam formar equipes vencedoras. E é aí que muitos ficam pelo caminho.

Saber trabalhar em equipe, ao meu ver, é o ponto mais importante da competição. Portanto, obviamente aqueles grupos que já chegam formados e preparados para começar a ouvir e pensar, saem ganhando e aceleram em uma velocidade impressionante.

Isso não é uma regra, até porque, a ideia vencedora da versão que participei foi a de um time que se formou ali mesmo no evento.

É natural que uma das pessoas, ao convencer o time a um direcionamento, assuma uma posição de liderança. O objetivo não é ter um chefe, mas uma pessoa que visualize a estratégia do grupo e ajude os outros membros a colaborarem para com o objetivo maior.

Aprendizado: Não perca tempo em disputas de ideias, direcionamento ou liderança. Confie no seu grupo, esteja aberto a aprender e divirta-se!

2) Identificar um problema urgente

Sem problema, não tem solução. Simples assim.

Identificar uma dor real e entender ao máximo os detalhes de quem passa por ela, é a parte mais importante do processo depois de uma equipe formada.

Existem inúmeras maneiras de identificá-las. Uma delas é a fase de “Ideação” do Design Thinking através da construção de uma proposta de valor.

Neste exercício, a equipe explora inicialmente o problema central e procura entender as causas e as consequências. Em um segundo momento, observa-se quem sente essa dor, encontrando a figura do cliente principal. Daí por diante, a equipe trabalha para entender a jornada do que ele faz para gerar a dor, até o que ele deseja sentir ou ganhar ao resolvê-la.

Pronto. Milhares de ideias aparecem como resolução! Muitas pessoas ficam ansiosas, não aproveitam o exercício e partem para a solução tecnológica.

Conhecer a si mesmo e saber lidar com a angústia de outras pessoas é um exercício de autoconhecimento e tanto.

Aqueles que estão bem resolvidos e conseguem focar no entendimento do problema, saem na frente. O segredo então da criação de um produto inovador é justamente, obter o consenso de qual o problema que a equipe está resolvendo.

Aprendizado: Invista tempo da equipe explorando o problema, essa empatia é essencial! Identificar um problema real, importante e urgente é a chave para o sucesso.

3) Pesquisar!

Ah, os dados. Eles falam muito, mas muito mesmo.

Fazer perguntas bem elaboradas para o seu público-alvo contribuirá para a validação do problema e das possíveis ideias, além de pesquisar o que já existe no mercado.

Esse é um termômetro, que bem aproveitado, acerta os ponteiros e fecha a maioria das dúvidas. É a partir daí que o modelo de negócio deslancha e a tecnologia aparece.

Mas como pesquisar? Eu falei de perguntas, não foi? Pois é, perguntas poderosas são aquelas que não induzem o respondente a resposta que você quer escutar. Muito pelo contrário, ela é genuína, pois você busca entender e ouvir abertamente.

Já sabendo que você está conversando com o seu possível cliente, dê preferência às “perguntas abertas” no início. Elas explorarão ao máximo as informações e muitas vezes, te levarão a caminhos que nem esperava.

Agora que você tem mais informação, parta para as “perguntas fechadas” para confirmar a sua hipótese. Eu prefiro perguntas que usam uma escala de 1 a 10 nas respostas, mais do que as que exigem decidir entre uma ou outra alternativa. As escalonadas, te aproximam ou distanciam daquilo que está sendo avaliado.

Nesta fase, muitos optam por criar formulários prontos online e distribuírem para o máximo de pessoas, escalando o número de respostas. É uma boa prática, mas nada substitui o presencial. Abordar e sentir a emoção das respostas, falará mais sobre o assunto proposto, e ainda, auxiliará na tomada de decisão ao futuro do negócio.

Aprendizado: Valorize a preparação das perguntas com qualidade. Dê preferência pela entrevista presencial com o seu público-alvo.

4) Executar a ideia com ritmo e qualidade

Você tem a validação da sua hipótese. Confie nas respostas, mesmo que elas te levem a mudar todo o conceito do negócio ou retornar a fases anteriores de identificação do problema.

Eu também prefiro não voltar, mas aqueles que ignoram, tem mais dificuldades. O motivo é bem simples, o problema talvez não seja tão urgente quanto imaginava e alguns integrantes do time perdem a empatia pela ideia. Se precisar volte às fases anteriores e revalide.

Pois bem, com o problema e ideia validada, estruture o seu modelo de negócio. Como o tempo é curto e você ainda precisa preparar a tecnologia, o pitch e treinar muito; é recomendável utilizar o modelo de negócio “Business Canvas”. Uma vez que, de forma simples e direta, o grupo definirá “O que estão entregando?”, “Pra quem estão entregando?”, “Como estão se organizando para entregar a proposta?”, “Quanto precisam investir e faturar com o modelo econômico definido?”.

Ótimo, chegando a um consenso, organize a divisão da equipe e transpire bastante na construção da tecnologia e do Pitch.

Quanto a tecnologia, você deve ser simples e ágil, então foque no seu “Produto Mínimo Viável”, MVP.

Neste caso, descubra qual o maior valor que você entrega para o seu cliente e construa algo que resolva o problema dele da forma mais simples possível.

Já em relação ao seu Pitch, você precisa ser claro sobre a jornada do seu negócio. Procure ter de forma clara resposta para as seguintes perguntas:

  • Qual dor você resolve? (dor, propósito e nome da idéia).
  • Qual a evidência que a dor existe? (dados, lembra. mostre quem validou e pra quem você está resolvendo).
  • O que seu negócio faz para resolver essa dor? (mostre o quanto é bom seu produto/serviço).
  • Qual o mercado? (quem são seus concorrentes e qual o espaço para crescimento).
  • Qual é o seu modelo econômico? (com dados e evidência, de novo).
  • O que precisam pra alavancar o negócio? (seja muito claro sobre a estratégia e o time que irá realiza-lo).

Aprendizado: É muito importante ter um modelo econômico claro e sustentável a longo prazo. O ritmo e o foco para construção do MVP e do Pitch são cruciais para fase final. Não acrescente mais conteúdo somente para impressionar e nem relaxe pensando que já trabalhou o suficiente. #Foco e #Ritmo

5. Confiança na hora de vender ao júri.

Chegou o grande momento! Apresentar o Pitch ao júri.

É muito importante que a equipe toda acredite no que foi construído e escolham o melhor representante pra subir no palco.

Separei algumas dicas bem simples para transmitir confiança na hora de vender a sua solução ao júri.

  • Energia – Fale com energia e tenha atenção ao tom de voz adequado para a sua apresentação. Traga os jurados e a audiência para os momentos de drama ou felicidade. Saiba balanceá-los.
  • Simplicidade – Seja bem direto e escolha bem as palavras que transmitam da forma mais clara possível a sua mensagem. Descomplique.
  • Sinceridade – Você precisa acreditar no que está vendendo e conhecer muito bem todos os detalhes do que trabalhou com a equipe. Seja sincero sobre o que encontraram até aqui e não crie cenários inexistentes.
  • Agilidade – Não é sobre falar rápido, é sobre poupar o tempo do júri e da audiência para assuntos que não agregam valor. #Foco e #Ritmo.
  • Calma – Antes da apresentação procure algo que relaxe a tensão. Exercícios, jogos ou meditação podem ajudar neste momento de concentração.

Pronto! Mãos a obra e boa sorte!

Aprendizado: Qualidade dos dados e concentração tranquilizam a apresentação de um bom Pitch.

Como mentor neste evento, refleti e aprendi que não desistir tem a ver com confiar e valorizar a capacidade de cada um. E que o meu papel é de empoderar e acreditar que cada grupo alcance o seu melhor!

Com muito orgulho todos chegaram a reta final e cumpriram o seu papel apresentando o Pitch. Veja quais idéias surgiram durante a maratona de inovação aberta GLH2019 em Balneário Camboriú-SC.

Pitch @EasyLegal – Traduzindo o juridiquês.

Pitch @2Brave – Não ao silêncio das mulheres que sofrem violência.

Pitch @JustCheck – Facilitando a informação aos familiares de detentos.

Pitch @FAR – Auxiliando refugiados no mundo

Pitch @VRTech – Facilitando a experiência da prática jurídica.

Pitch @Alternativa – Integrando ONGs, varas criminais e assistente sociais

Acredito muito na troca de experiências e na ajuda genuína entre as pessoas. A Inovação Aberta vem sendo um marco importantíssimo na resolução de problemas mapeados por organizações. Portanto, saber ouvir, compartilhar e contar com a colaboração por propósito vem se tornando uma aventura surpreende!

E você, já conta com a diversidade para resolver de forma rápida e simples os problemas complexos da sua organização?

Compartilhando a minha experiência, espero ajudá-lo a repensar o “status quo” e observar os melhores caminhos para o desenvolvimento de produtos e projetos inovadores por meio da Inovação Aberta. Tenho certeza que as dores são reais e a respostas estão mais próximas do que imaginamos.

Será um prazer continuarmos essa conversa, comente aqui ou me envie uma mensagem.

Obrigado!